A
Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas no âmbito
da sua colaboração com o Fólio- Festival Literário de Óbidos e,
sob a égide do tema “Poder”, promoveu 3 sessões que decorreram
entre os dias 11 e 15 de outubro na Casa José Saramago –
Biblioteca Municipal de Óbidos e na Casa da Música.
Apesar
dos temas distintos, todas manifestaram uma identidade comum: a
importância de “pensar as pessoas” como foco central do
desenvolvimento do trabalho em biblioteca pública.

Na
sessão de dia
11 de outubro
“Grupos de Leitores: o poder da
Leitura Social” através das experiências dos Grupos de Leitores
da Biblioteca Municipal de Vila Velha de Rodão e da Comunidade
Online de Leitores do Oeste, foi possível escutar na primeira
pessoa, os testemunhos sobre a forma impactante que participar nestes
grupos acrescenta às suas vivências.
Crescimento
pessoal, combate ao isolamento social e desenvolvimento de novas
competências leitoras foram alguns dos pontos abordados: verificamos
ou não uma mudança na pessoa leitora, ou não leitora, quando
participa em grupos de leitores? Não precisamos de ler, para
pertencer a estes grupos. O “upgrade” ao seu conhecimento
decorre do espaço que é partilhado, do poder estar (presencialmente
ou online), do poder participar e refletir sobre as coisas.
Graça
Batista, bibliotecária de Vila Velha de Rodão e Ângela Malheiros,
bibliotecária de Peniche, demonstraram como é possível “pensar
as pessoas” dando-lhe espaço para livremente se manifestarem, seja
através da leitura ou de uma conversa. Tudo é literatura quando
olhamos o mundo, um olhar literalmente de cada um, partilhado nos
grupos de leitores das bibliotecas públicas.
Clube
de Leituras sem Pressa (cm-vvrodao.pt)
Comunidade
de Leitores Online - RIBO - Oeste CIM
“Informação
é poder: as bibliotecas públicas e a Agenda 2030” contou com a
participação de Manuel Gama, coordenador do Observatório de
Políticas de Comunicação e Cultura e coordenador do projeto
“Cultura e Desenvolvimento: projetos culturais e Agenda 2030”;
Paulo Miguel Madeira, investigador do Instituto de Ciências Sociais
que integra a equipa do projeto ODS Local – Plataforma Municipal
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; bem como, da
Biblioteca de Marvila, da Rede de Bibliotecas de Lisboa, Paulo José
Silva e Anabela Caetano com o projeto Biblioteca Humana.
A
Cultura como agente transformador de pessoas e de sociedades. Só é
possível um desenvolvimento sustentável e sustentado, quando existe
uma perceção do valor da Cultura como algo que é transversal a
todos os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Como é
que a cultura se apropria da Agenda 2030?
Relacionar
projetos com a Agenda 2030, demonstrar valor e “colocar o selo”
foi palavra-chave na intervenção de Manuel Gama.
Projetos
| POLOBS
Mapear
projetos a nível nacional relacionados com a Agenda 2030, torna
visível a importância do trabalho local para a chamada
“glocalização” para o Desenvolvimento.
Paulo
Miguel Madeira, na sua apresentação sobre a Plataforma ODS Local,
partilhou ainda projetos de bibliotecas que se encontram disponíveis
da plataforma, como o projeto “Avós em Rede” da Biblioteca
Municipal de Pombal.
Segundo
o investigador “O
contributo
das bibliotecas para os ODS não se esgota naqueles onde elas são
mais diretamente implicadas,
o
acesso
à informação é uma questão transversal que apoia todas as áreas
de desenvolvimento
e
o acesso
público às TIC e a prestação de serviços universais contribuem
também para muitos ODS e respetivas metas”.
ODSlocal
A
última apresentação coube à equipa da Biblioteca de Marvila, das Bibliotecas Municipais de Lisboa: Paulo José Silva, coordenador da biblioteca e Anabela Caetano,
técnica responsável pelo projeto “Biblioteca Humana”. Designação que é mais que o próprio projeto em si, é um modelo
de biblioteca. Uma biblioteca que assume a identidade
do território e da população na definição da sua própria
identidade, enquanto projeto com uma visão estratégica de
apropriação do espaço pelo público, incentivando e
promovendo a participação cidadã na construção de
projetos e programa da biblioteca.
Paulo
José Silva levantou o véu sobre alguns dos eixos, pensados
estrategicamente para a intervenção da biblioteca na sua
comunidade: Inclusão, Arte, Participação Cidadã, Formação no
Território e Felicidade.
Na
Biblioteca de Marvila todos são construtores de um mundo de
oportunidades: uma equipa de mediadores, promotores, capacitadores e
inventores para que a comunidade usufrua da biblioteca como uma
extensão do seu próprio espaço: uma relação bidirecional
entre biblioteca e comunidade.
BIBLIOTECA
HUMANA - Bibliotecas de Lisboa (cm-lisboa.pt)
Terminámos
a nossa participação no Fólio Educa com a sessão:
“A leitura
nas redes sociais: o poder do Youtube e do Instagram” que contou
com a participação da nova geração de “Book Influencers”:
Álvaro e Ludgero (Literacidades),
João Oliveira (Na cama com os livros) e Helena e Ventura (Os Livros
da Lena).
A
questão central seria perceber de que forma as redes sociais podem
influenciar para a leitura. Num espaço digital tão vasto e com
ampla audiência, qual o papel que o “influenciador” toma para si
mesmo? E de que forma se relaciona com os seus seguidores?
Uma
sessão onde se tentou quebrar assuntos tabu associados ao ato de
ler, a necessidade de dessacralizar o livro e torna-lo na sua
simplicidade um bem acessível a todos, independentemente da sua
forma em suporte de papel, digital ou audiolivro assume aqui uma
forma subliminar de “chegar às pessoas”.
Segundo
João Oliveira todos temos direito a algum “snobismo literário”,
lermos o que quisermos quando quisermos. Álvaro vai mais longe
quando afirma que o acesso à cultura
pode ser feito de formas diferentes, através de várias
ferramentas: um livro, um filme, uma peça de arte. O
mundo é "lido" de várias formas.
A
comunicação no digital é sinónimo de alcance e empatia, de um
leitor para outro leitor, ou então, e porque não, um não leitor.
Nesta
sessão, a palavra sobre biblioteca
surge como idealmente um espaço para “viver”,
onde as pessoas podem encontrar-se a elas e aos outros.